Geradores de energia são cada vez mais utilizados por conta da dependência cada vez maior de energia elétrica que a sociedade possui. Tal dependência já é muito grande há algumas décadas, mas chega a níveis mais altos ano após ano, extrapolando limites que antes eram impensáveis. Esse contexto torna-se uma motivação muito grande para buscar fontes de energia alternativas para os momentos em que a alimentação da concessionária vem a falhar.
Por diversos fatores, uma das alternativas mais procuradas é o gerador à combustão portátil. Entre as vantagens estão a possibilidade de guardá-lo enquanto não está sendo usado, a pouquíssima estrutura necessária para sua operação/utilização e a possibilidade de utilizá-lo em praticamente qualquer local. Devido à grande popularidade destes geradores portáteis é muito fácil encontrar revendas, assistências técnicas e há sempre uma boa oferta de peças para reposição.
Acontece que nem todas as pessoas que compram um gerador, têm conhecimento suficiente para isso. Talvez a maioria dos compradores deste tipo de equipamento não conhecem o suficiente para fazer uma boa escolha, e depois acabam se arrependendo. Por isso, neste artigo serão abordados alguns fatores que devem ser observados para determinar as características ideais do gerador para qualquer tipo de utilização.
Começando pelo mais óbvio, devem ser observadas as características elétricas da sua aplicação para que sejam compatíveis. A tensão do gerador, em volts, precisa ser igual à do circuito. O mesmo ocorre com a frequência, já que no Brasil se usa 60 Hz, mas em diversos outros países se usa 50 Hz. Assim, é importante também observar esse parâmetro principalmente quando o gerador é importado.
Já a potência, não necessariamente precisa ser a mesma fornecida pela concessionária, já que quanto mais potente o gerador, mais caro. É possível adquirir um gerador com capacidade para fornecer uma potência menor que a da concessionária e limitar a utilização das cargas quando estiverem sendo alimentadas pelo gerador. Caso se tenha recursos suficientes, o recomendável é considerar um modelo de potência mais alta, para que se consiga alimentar todo o circuito sem a necessidade de monitorar o consumo.
Agora falando das características que costumam ser esquecidas na hora de escolher o modelo do gerador, a primeira será o nível de ruído. Alguns geradores fazem mais barulho que os outros por conta do seu motor, a ausência ou existência de carenagem, combustível utilizado, entre outros fatores. Essa questão é tão importante, porque dependendo do local onde o gerador será utilizado, o ruído excessivo pode causar problemas com os vizinhos. Em um bairro residencial, por exemplo, ligar um gerador no período da noite certamente não será uma boa ideia, à menos que seja um modelo bem silencioso.
O combustível, que foi citado anteriormente, influencia também em outras questões. Os geradores que usam motores com ciclo de dois tempos, são mais leves, mais simples, mais baratos, mas menos robustos. Habitualmente são encontrados com potências menores, e são mais utilizados para aplicações menos críticas. Uma característica desses motores é que não possuem reservatório específico para o óleo lubrificante, que deve ser misturado, na proporção correta, à gasolina, e acaba sendo queimado junto.
Os geradores à gasolina que utilizam motores com ciclo de quatro tempos são mais usados nos casos em que se deseja ter uma confiabilidade maior, quando será necessária uma potência maior, e quando se deseja economizar na hora de abastecer. Estes geradores não queimam óleo, e por isso devem ser abastecidos somente com gasolina. Essa gasolina pode ser armazenada por mais tempo no tanque, gerando menos trabalho para quem o utiliza.
Já os modelos movidos à diesel são para quem quer muita confiabilidade, tanto no sentido de que ele vá funcionar quando precisar, quanto no sentido de que ele suportará ficar gerando energia por várias horas consecutivas. São os modelos mais robustos, mais econômicos e mais caros também. Normalmente se encontra com potências um pouco acima dos modelos com ciclo de dois tempos até potências muito altas, que podem atender hospitais, universidade, estádios etc.
Ainda relacionado ao combustível, é importante verificar qual a autonomia do gerador. Saber quantas horas ele pode trabalhar sem ser reabastecido é importante para planejar como proceder em uma falha mais prolongada do fornecimento por parte da concessionária.
Mais um critério importante que deve ser observado é a existência de partida elétrica. Parece um dispositivo de luxo, levando em conta que na maior parte dos casos o gerador será ligado somente nos momentos que faltar energia da concessionária. Mas o que não se costuma levar em consideração é que nem sempre quem irá utilizar o gerador estará apto a puxar a corda do motor de arranque com vigor suficiente. Seja por falta de força, por alguma lesão, cansaço... Dependendo do gerador, a força necessária para dar a partida é bastante grande, e pode acontecer dele não poder ser utilizado por não se conseguir colocá-lo em funcionamento.
A partida elétrica é benéfica também quando há alguma deficiência moderada no sistema de ignição, injeção, entre outros que sejam necessários para o correto funcionamento do motor. O fato do gerador poder ser forçado a ligar por mais tempo, pode ser um estímulo para superar alguma dificuldade. Ao contrário, usando a corda de partida manual, não se consegue manter o motor em movimento por mais que alguns décimos de segundo.
Há ainda mais uma vantagem que é a facilidade muito maior para automatizar a partida. Sem o motor de arranque nativo do gerador, é necessário fazer adaptações que aumentam o custo e diminuem a confiabilidade. O mesmo acontece com o mecanismo que habilita ou desabilita o funcionamento do motor. Nos modelos mais antigos, eles são desligados através de um sistema de alavancas, enquanto os mais novos apenas interrompem o fluxo de combustível através de uma válvula de acionamento elétrico, simplificando a automatização.
A existência de dispositivos de proteção, como sensores de temperatura e pressão do óleo, pode ser levada em consideração também. Em alguma anomalia, o fato de haver uma proteção para desligar o motor do gerador pode fazer o proprietário economizar muito dinheiro. Um simples vazamento de óleo, se não for observado, tem potencial para causar uma falha catastrófica no motor.
É importante também que se conheça a marca que fornece o equipamento. Comprar um gerador de uma marca estabelecida no mercado significa que provavelmente você terá um produto de qualidade, terá garantia contra defeitos de fabricação e também terá acesso às peças de reposição em caso de defeitos pelo uso.
E para finalizar a lista, algo que também costuma ser considerado como luxo, mas pode ser de extrema importância, é o gerador contar com rodinhas para transporte. Da mesma forma que pode ser difícil partir o motor através da cordinha em diversas situações, pode ser difícil transportá-lo também. A depender do modelo, pode mesmo ser impossível. E a necessidade de mudá-lo de lugar se dá por conta dos gases do escapamento. Provavelmente será necessário levar o gerador para o quintal quando for ligá-lo, mas ao terminar o uso, provavelmente será guardado em algum lugar fechado novamente.
Escolher o gerador pode não ser uma tarefa tão simples, mas levando em consideração todos os itens que foram abordados, provavelmente será feita uma boa escolha. É claro que dificilmente se consegue atender todos os critérios, mas analisando a necessidade da aplicação com cuidado, é possível saber quais sacrificar em prol dos demais.