Quando pensamos em controladores de fator de potência, a primeira função que vem à mente é justamente a de manter o fator de potência próximo de 1, eliminando as multas aplicadas pela concessionária por consumo excessivo de energia reativa. Essa, de fato, é a função principal — mas não é a única. O controlador de fator de potência também exerce um papel fundamental de proteção das células capacitivas e de todo o circuito do banco de capacitores, evitando danos que podem se tornar graves em determinadas circunstâncias.
Para entender isso, é preciso lembrar que um banco de capacitores pode ser do tipo manual ou automático.
Os bancos manuais são simples e eficientes para eliminar a cobrança por energia reativa quando corretamente aplicados. Basta ligá-los durante o período de multa pelo consumo indutivo (das 6h à 0h) e desligá-los de madrugada (das 0h às 6h), quando a concessionária cobre pelo consumo reativo capacitivo. Já os bancos automáticos, gerenciados por um controlador eletrônico dedicado, oferecem vantagens adicionais: reduzem a corrente dos cabos, diminuem a queda de tensão, aumentam a vida útil dos equipamentos e até mitigam o risco de ressonância harmônica.
Mas há uma situação que poucos lembram — e que pode transformar um banco de capacitores em um grande problema. Trata-se do momento em que a alimentação elétrica é interrompida e restabelecida rapidamente, algo comum em quedas de energia momentâneas, trocas de fonte (como entrada de gerador) ou até na operação manual de contatores.
Quando um capacitor é desconectado da rede, ele permanece carregado. Se a religação ocorrer antes da descarga completa, a tensão residual nos terminais pode se somar à tensão da rede no instante do retorno, resultando em uma diferença de potencial muito elevada. Em casos extremos, essa diferença pode ultrapassar 600 volts em sistemas de 220 V, gerando um fluxo de corrente muito acima do limite projetado para todos os componentes do sistema.
Esse pico de corrente — conhecido como corrente de inrush — é suficiente para danificar disjutnores, resistores de pré-carga dos contatores e até os próprios capacitores. O problema se agrava em bancos de grande porte, onde vários estágios de capacitores se religam simultaneamente, multiplicando o estresse elétrico sobre os componentes.
É justamente aí que o controlador de fator de potência se mostra mais do que um instrumento de correção — ele atua como um dispositivo de proteção inteligente. Na ausência de tensão, o controlador desliga todas as etapas do banco e, quando a energia é restabelecida, reconecta os capacitores gradualmente, respeitando um tempo de espera configurável. Esse intervalo (geralmente entre 30 e 60 segundos) permite que os capacitores se descarreguem de forma segura antes de serem religados. Além disso, os controladores da linha Brasiltec iniciam o religamento pelos estágios iniciais, ou seja, os primeiros capacitores a serem acionados são os de menor potência, que se descarregam mais rapidamente e oferecem menor corrente de pico no momento da realimentação.
Com isso o sistema evita sobrecorrentes, preserva os componentes, reduz o desgaste térmico e prolonga significativamente a vida útil dos capacitores. Em instalações onde há geradores ou trocas diárias de fonte, essa proteção é ainda mais valiosa, pois evita falhas recorrentes e quedas de produção causadas por desarmes constantes.
Muitos profissionais veem o controlador apenas como um acessório para eliminar multas. No entanto, o custo relativamente baixo do equipamento — especialmente se comparado ao valor de um banco de capacitores danificado — mostra que o controlador é, na prática, um elemento essencial de confiabilidade e segurança. Ele não apenas otimiza o desempenho elétrico, mas também protege o investimento físico feito no banco de capacitores e nos componentes associados.
Em resumo, o controlador de fator de potência não é apenas o “cérebro” do sistema de compensação. Ele também é o "escudo" protetor que garante que os capacitores trabalhem em condições seguras, evitando sobrecorrentes destrutivas e assegurando o funcionamento estável da instalação.