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Os Modos de Controle "Fator de Potência" e "Potência Reativa"

Postado em 14 de outubro de 2025

Os controladores automáticos de fator de potência podem operar em dois modos distintos: modo "fator de potência" e modo "potência reativa". A escolha entre esses modos altera completamente a forma como o controlador interpreta as medições e decide quando ligar ou desligar os capacitores do banco. Entender essa diferença é desejável para realizar uma parametrização correta e obter um controle estável e preciso.

Neste artigo, vamos aprofundar o funcionamento desses modos e esclarecer o verdadeiro significado do parâmetro conhecido como “valor do primeiro capacitor”, muitas vezes interpretado de forma simplificada, mas que tem um papel técnico mais importante do que parece.

1. Modos de controle: fator de potência e potência reativa

No modo fator de potência, o controlador trabalha monitorando a defasagem entre a tensão e a corrente. Ele calcula o cosseno do ângulo entre essas duas grandezas e, a partir disso, determina o fator de potência (FP). Se o valor medido estiver abaixo do limite configurado (por exemplo, 0,92), o equipamento aciona estágios de capacitores até que o FP atinja o valor desejado.

Esse método é simples e direto. O controlador não precisa saber qual é a corrente real do circuito, apenas o atraso entre tensão e corrente. Por isso, quando a relação do transformador de corrente (TC) é deixada como “1”, o controlador assume automaticamente que deve operar em modo fator de potência.

Já no modo potência reativa, o funcionamento é diferente. O controlador precisa saber a relação do TC, pois ele passa a calcular as potências ativa, reativa e aparente em valores absolutos (kW, kvar e kVA). Nesse caso, o objetivo é manter o equilíbrio entre a potência reativa indutiva — normalmente gerada por motores e transformadores — e a potência reativa capacitiva, fornecida pelo banco de capacitores. Quando há excesso de uma das partes, o controlador atua ligando ou desligando capacitores para compensar a diferença.

Em resumo, no modo de fator de potência, o controlador corrige com base em ângulos; no modo de potência reativa, ele atua com base em valores reais de potência. Essa diferença muda o comportamento da compensação e influencia diretamente na estabilidade do sistema.

2. Entendendo o parâmetro “valor do primeiro capacitor”

Nos controladores de fator de potência, quando escolhido o modo "potência reativa", um dos parâmetros a ser configurado é o “valor do primeiro capacitor”. Ele é geralmente descrito como a potência nominal do menor estágio do banco de capacitores, e essa explicação é funcional — mas incompleta.

Na prática, esse parâmetro define a tolerância de compensação que o controlador utilizará, mas não com base no fator de potência. Ele estabelece o quanto de diferença entre potência reativa indutiva e capacitiva será permitido antes que o controlador tome uma ação para ligar ou desligar estágios.

Pense nesse parâmetro como o “passo mínimo” do controle. O controlador sempre tenta deixar o sistema dentro dessa margem. Se a diferença entre as potências reativas medidas for menor do que o valor configurado, ele entende que o sistema está equilibrado e mantém os estágios como estão. Se a diferença for maior, ele atua para corrigir. Por isso, costuma-se recomendar que o valor informado corresponda ao menor capacitor do banco, pois ele representa o menor ajuste possível que o sistema pode realizar.

Se o parâmetro for configurado com um valor muito maior do que o real, o controlador ficará menos sensível, deixando de reagir às variações. Por outro lado, se o valor informado for menor do que o capacitor físico instalado, o controlador tentará fazer correções impossíveis — ligando e desligando estágios repetidamente, o que pode causar instabilidade no controle e desgaste prematuro dos contatores, disjuntores e nos próprios capapacitores.

Em resumo, o parâmetro “valor do primeiro capacitor” não é apenas uma informação de potência, mas uma definição de precisão no controle de compensação reativa. Entender isso ajuda a ajustar o sistema de forma mais inteligente e previsível.

3. Escolhendo o modo de controle ideal

O modo fator de potência é adequado para a maioria das instalações industriais e comerciais convencionais, em que há variação natural de carga e predominância de consumidores indutivos. Ele é simples de configurar e responde bem às alterações normais do sistema elétrico.

Entretanto, em instalações com geração distribuída, especialmente sistemas fotovoltaicos, o cenário muda. Os inversores solares injetam potência ativa na rede, reduzindo o consumo de energia ativa da concessionária. Porém, eles não compensam potência reativa. Como consequência, a potência ativa total pode se aproximar de zero, e pequenas variações de carga fazem o fator de potência oscilar de maneira brusca e constante.

Nessas condições, o controle baseado em fator de potência torna-se instável, porque o FP deixa de ser um indicador confiável do equilíbrio reativo. O controlador, ao tentar acompanhar essas variações, acaba ligando e desligando estágios de forma errática.

Nesses casos, o modo potência reativa é mais indicado. Ele desconsidera as oscilações do FP e passa a agir diretamente sobre a quantidade de kvar consumidos, ajustando a compensação de forma mais coerente com o comportamento elétrico real do sistema. Dessa forma, o controle se mantém estável mesmo quando há baixa potência ativa na rede.

4. A importância do entendimento técnico na parametrização

Configurar corretamente um controlador de fator de potência vai muito além de inserir números em parâmetros conhecidos. Cada ajuste define como o controlador interpreta a rede elétrica e quando ele decide atuar.

Ao compreender o funcionamento dos modos de controle e o papel de cada parâmetro, o profissional passa a ter domínio real sobre o comportamento do sistema. Isso permite identificar causas de instabilidade, corrigir erros de medição, dimensionar bancos com maior eficiência e ajustar o controle conforme as condições específicas de cada instalação.

Em campo, é comum replicar as configurações de um controlador para outro, especialmente quando o sistema anterior funcionava bem. No entanto, cada instalação possui particularidades — e o mesmo ajuste pode gerar resultados diferentes dependendo do tipo de carga, do transformador de corrente e da presença de geração local. Por isso, a compreensão técnica é o que diferencia uma simples cópia de parâmetros de uma parametrização realmente otimizada.

Os modos de controle e o parâmetro do primeiro capacitor são elementos fundamentais na operação dos controladores automáticos de fator de potência. Entender o que cada um representa e como eles influenciam o comportamento do sistema é essencial para garantir medições precisas, compensações estáveis e maior vida útil dos equipamentos.

Mais do que seguir manuais, dominar esses conceitos permite ao profissional ajustar o controlador de forma consciente, de acordo com as condições elétricas reais de cada instalação — alcançando um controle de fator de potência verdadeiramente eficiente.




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