Tanto o relé de sobrecarga quanto o disjuntor motor são dispositivos utilizados em sistemas elétricos industriais para garantir a proteção dos motores elétricos. Ambos dispõem de um dial para ajuste da corrente nominal do motor, respeitando uma faixa de valores própria de cada modelo. No entanto, há diferenças significativas entre eles em termos de sua função, construção e operação.
O relé de sobrecarga é projetado para proteger o motor contra sobrecarga térmica. Ele é instalado em série com o motor e monitora a corrente elétrica que circula por ele por ele. Quando a corrente excede um determinado limite, o relé desliga o motor, impedindo que ele sofra danos. O desligamento não ocorre instantaneamente, pois se fosse assim isso aconteceria toda vez que o motor partisse. O relé respeita uma curva de atuação, que leva em consideração o tempo e a magnitude da sobrecarga.
O relé térmico é relativamente simples e muito barato, mas tem algumas desvantagens. Uma delas é que ele é limitado em sua capacidade de proteger o motor contra curtos-circuitos. Além disso, sua operação depende da utilização em conjunto com um contator, pois conta somente com contatos auxiliares, e não contatos de força para interrupção de maneira direta. Outro fator desfavorável é a sensibilidade à variação da temperatura ambiente, já que seu princípio de atuação é térmico. Quanto maior a temperatura ambiente, mais rápido o relé vai disparar, o que pode levar a uma atuação indevida.
A maior parte dos modelos do mercado podem ser utilizados com rearme manual ou automático. Isso significa que alguns minutos após a atuação, se utilizado o modo automático, o relé volta a liberar a partida do motor. No modo manual é necessário pressionar o botão de reset para que haja a possibilidade de partir novamente.
O disjuntor motor, por sua vez, é projetado para proteger o motor contra sobrecarga e curto-circuito. Ele também é instalado em série com o motor, mas diferente do relé de sobrecarga, é capaz de interromper a corrente elétrica de maneira direta em caso de sobrecarga ou curto-circuito, sem a necessidade de trabalhar em conjunto com um contator. Graças à essa característica e ao fato de possuir dispositivo de atuação magnético, substitui um disjuntor termomagnético convencional. E por fazer a função de relé térmico e disjuntor, acaba por reduzir o tamanho total do painel.
O guarda motor, como também é chamado, da mesma forma pode sofrer com a variação da temperatura ambiente e igualmente respeita uma curva de atuação. Mas pelo contrário do relé de sobrecarga, não permite o rearme automático. É necessário que o operador rearme o dispositivo manualmente para que se possa voltar a partir o motor.
Apesar de ter mais recursos, a maior parte dos modelos do mercado não possuem contato auxiliar embutido, sendo necessário comprar um bloco de contatos separadamente quando preciso. Em termos de valores, o disjuntor motor é mais caro que o relé de sobrecarga, mesmo se somado o valor do disjuntor que deixa de ser necessário.
Em relação à proteção contra falta de fase, tanto disjuntor motor como relé de sobrecarga tendem a desarmar nessa circunstância, porém sem a eficiência de um relé de falta de fase. Usando o relé específico para proteção contra falta de fase, a detecção é imediata e não depende do aquecimento de um dispositivo bimetálico que demora algum tempo.
Em resumo, tanto o relé de sobrecarga quanto o disjuntor motor têm suas vantagens e desvantagens, e a escolha entre eles dependerá das necessidades específicas da aplicação e das limitações do orçamento. Em geral, o disjuntor motor é a opção mais completa, adequada para proteger motores maiores e mais críticos, enquanto o relé de sobrecarga é mais adequado para motores menores e menos críticos, que não exigem uma proteção tão abrangente.